sexta-feira, 22 de julho de 2011

Algumas leituras de hoje, Miss 2011 e Misoginia

--Texto 1:

"Hoje de manha eu vi no portal do Yahoo! um link falando das candidatas a Miss Brasil 2011 que nao tem silicone. Abri, conferi e como nao estava fazendo nada mesmo, fui ver as fotos das-todas-as-candidatas.

E pasmei!

Simplesmente NENHUMA candidata negra.

Todas as candidatas seguindo um padrao que tornou muito dificil para mim estabelecer algum criterio de beleza, uma vez que todas as candidatas tem cabelos castanhos, longos, lisos/semi-ondulado/permanente visivel, e pele clara. Nao tem nenhuma candidata negra. Nem a Miss Bahia eh negra, levando-se em consideracao que uma boa parcela da populacao negra se localiza no estado bahiano. Nem ela.

Ao ver essas mulheres representarem o “padrao de beleza da mulher brasileira” destacado no concurso Miss Brasil 2011, acho impossivel nao pensar em racismo, especialmente quando 50,3% dos 184 milhoes de brasileiros sao negros(e pardos) (fonte aqui)

Racismo velado tipico da sociedade brasileira, infelizmente.

Ah! MAs importante lembrar que a Miss Noruega 2010 era… NEGRA! "

Miss Noruega

Fonte
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--Texto 2:
"A análise que faço do machismo hoje no Brasil, e talvez na América Latina, é de que ele é um tipo de misoginia. O machismo nosso hoje é uma aversão pelo feminino. "
"Odiamos o feminino na medida em que exaltamos o masculino. Aprendemos que ser masculino é mais importante que ser feminino. Ser masculino é prestigioso. Também criamos toda uma concepção do que é ser feminino. Ser feminino é ser sentimental, é ser frágil, é ser sensível, entre muitas outras coisas."
"Portanto, ser feminino não é apenas possuir uma vagina. Mas quem possui uma vagina sofre em dobro, porque se espera dessas pessoas um comportamento feminino. Essa forma de machismo se manifesta por todos os lados e inclusive dentro dos movimentos de minorias. "
"O gay afeminado também pode vir a sofrer deste preconceito dentro do próprio coletivo do qual faz parte, porque os gays não afeminados podem estar inseridos nessa lógica do machismo."" Mas o engraçado disso tudo é que os gays percebem que eles são oprimidos pela sociedade heteronormativa. Os gays podem perceber que o machismo os oprime. Mas eles podem não percebem que até eles mesmo são opressores quando lhes toca. O machismo só é percebido quando se infringe uma norma heterossexual: a de que homens se relacionam com mulheres. Contudo, o machismo não é percebido quando ele infringe uma conduta homonormativa: o de que gays devem ser masculinos. "

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Mais um adentro, desta vez meu:
As Miss Brasil de praticamente todos os tempos(existe algumas exceções...) são muitooooo iguais, não existe variedade, é como se fala-se "olha mulher, vc tem que ser assim para ser bonita" , e com isso muitas mulheres ficam insatisfeitas com seu corpo, ja que se coloca um modelo (que coincidentemente é o modelo de mulher das classes mais ricas) para as outras mulheres, claro que isto não é so para mulheres, mas elas são mais afetadas por esta cobrança já que existe uma logica machista(uma de muitas logicas machistas, a desta vez é a de que...homens são validados por atitudes, e mulheres por aparência).
Alem disto, qual o motivo de um concurso de beleza? Dizer qual é a mulher mais bonita do pais,
se neste concurso, praticamente todas as candidatas são iguais, então isto seria claramente uma tentativa de inserir um padrão de beleza.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Acordo entre visões diferentes

Bia e eu discutimos sobre a formação moral de um sujeito, A Bia tem uma visão católica e eu uma visão agnóstica, ou seja 2 visões bem divergentes, porem entramos em um consenso sobre como uma criança poderia ser criada.
Em nosso sociedade, a visão hétero normativa é incentivada constantemente para as crianças( em filmes, em novelas e tudo quanto é mídia, por exemplo, quanto de imagens uma criança vê de um homem e mulher se beijando? muitas né), e alem disto a visão homoafetiva é constantemente usada como forma de humor ou aberração ,porem não é vista como uma visão valida ou normal, mas constantemente caricaturada em programas de humor.
Eu acredito que existe um forte fator genético no homossexualismo, porem muitos vem argumentar comigo, que a sociedade também afeta essas "escolhas",( eu não vejo onde? se fosse por isso todo mundo era hétero ja que só existe incentivo para a hétero normatividade ) mas mesmo assim, o fator genético não é tudo, existe outros fatores que influenciam também, porem quando você incentiva a visão de que o homossexual é uma aberração esta escolha gera um arrependimento no homossexual ja que ele se sente culpado por ser diferente.
baseado nisto Eu e a Bia, entramos em um acordo,que para que a criação de uma criança seja dada esta "escolha", a criança tem que ter contato com grande numero de visões diversas, para que ela não tenham preconceito em relação ao desconhecido e já comece a ver estas outras pessoas como normais.
Este caso não se aplica só a homossexualidade, mas a outras culturas e etc. porem a Bia argumentou que é impossível ter contato com todos os tipos de culturas, e eu vou contra esta ideia dizendo que a pessoa teria que ter contato com as que ela teria a maior chance se conetar.
Então acabamos entrando nesse consenso . O mundo tem varias visões de mundo, muitas delas rivais, para que o mundo diminua os conflitos de crença, é necessário uma maior comunicação entre as culturas, para que o foco não seja a diferença entre elas, mas as coisas em comum.

Um exemplo de discussão entre pessoas com crenças totalmente diferentes que chegam à um acordo em comum é esta:

http://textosparareflexao.blogspot.com/2011/06/transcendencia.html

(o texto acima é sobre os "Diálogos de Waldemar Falcão, Marcelo Gleiser e Frei Betto em "Conversa sobre a fé e a ciência” (Ed. Agir)".)

Trechos do texto:
"
[4] Reparem que Frei Betto acaba de concordar com Gleiser no sentido de não aceitarmos a existência de verdades finais, acabadas, absolutas – ou, pelo menos, de não aceitarmos que já chegamos a sua compreensão completa. Todos aqueles que seguem manuais de verdades absolutas talvez ficassem atônitos ao saber que grandes religiosos e eclesiásticos, católicos como Frei Betto ou Pe. Fábio de Melo, antes consideram manuais de dúvidas divinas do que de verdades absolutas – embora todos os conheçam pelo mesmo nome. Onde há dúvida, há busca pela transcendência."
"
Frei Betto – Como soube fazer isso muito bem o apóstolo Paulo, que disse “fui grego com os gregos e judeu com os judeus”. Há uma briga explícita na Carta aos Gálatas, uma das 13 cartas contidas no Novo Testamento e que são consideradas sagradas pela Igreja Cristã, que Paulo escreveu, nas quais critica duramente Pedro. E Pedro era o papa! Pedro achava que para ser cristão o pagão deveria, primeiro, passar pelos ritos judaicos: circuncisão, observação dos ritos de pureza, etc. Paulo chega a dizer que Pedro é um homem de duas caras. Não conhecemos a resposta de Pedro, mas sabemos que Paulo viveu um momento da Igreja em que, pelo amor à Igreja, se podiam expressar críticas até ao papa, não tinha essa coisa de “amém” para toda forma de autoridade, achando que a autoridade é portadora da verdade. Muitas vezes ela falseia a verdade [7]."

Smorfs são sexistas?

o principio smorfette

O vídeo fala sobre o teste de Bachdel que é

  1. Existe mais de 2 mulheres no filme?,
  2. Elas falam entre si?,
  3. Elas falam de algo que não seja sobre homens?.
Se um filme responder Sim a estas 3 perguntas, ele não transmite ideias que reforção o patriarcado (claro que existe exceções).

sábado, 16 de julho de 2011

A regionalização da intolerância religiosa no Brasil

As discussões sobre intolerância religiosa no cenário atual têm tomado tanto espaço tão grande nas relações sociais que uma boa iniciativa foi realizada pelo governo brasileiro: a criação de um documento inédito que sistematiza casos de desrespeito à liberdade de culto no país. O estudo detalhado da ocorrência dos casos de discriminação religiosa auxilia na melhor divulgação do combate a essas práticas preconceituosas nas regiões mais afetadas, além de elencar quais são os principais fatores que movem atitudes de desrespeito no ciclo de convivência nas diversas religiões existentes.

A matéria completa sobre o documento pode ser vista a partir do link a seguir:
Outro programa para o combate a intolerância religiosa no Brasil, criado pelo Ministério de Cultura - Ministério da Educação - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Secretaria Especial de Direitos Humanos, foi a divulgação e distribuição gratuita de um DVD para todo o Brasil sobre “Diversidade Religiosa e Direitos Humanos” visando a busca pelo fim da discriminação por crença.

Trechos do vídeo podem ser acessados a partir dos links a seguir:

Parte 1


Fonte:

Parte 2


Fonte:

A identificação do problema que leva a intolerância religiosa já está sendo realizada, será então que precisamos da maior divulgação de documentos e pesquisas como essas, além de ver a aplicação dessa teoria na prática para que ocorra a extinção desse preconceito?
 

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dia do homem??

Dia do Homem nada mais é que Relativizar Opressões Sociais Para Enaltecer Os Próprios Privilégios.
mas porque este dia existe? bom ele foi criado pela Onu para conscientizar o homem pela luta contra o sexismo, é mais ou menos como dizer que a luta feminista é masculina também, alem disto ele foi uma forma de tentar melhorar a saúde dos homens, já que por causa do sexismo eles evitam ir ao medico(fonte "UNESCO comes out in Support of International Men's Day", artigo no Trinidad Guardian)


Porem o sentido foi deturbado ,e agora ele se tornou uma forma de relativizar opressões sociais

E para somar a oque ja foi dito no texto, colocarei alguns dados:

· Estatísticas mostram que menos de 10% dos casos de violência
sexual chegam às delegacias de polícia. Além das seqüelas físicas e
psicológicas, as mulheres violentadas ficam mais vulneráveis a outros
tipos de violência, como prostituição, uso de drogas, Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST), distúrbios emocionais e psíquicos,
depressão e suicídio;
· De cada cinco mulheres, uma será vítima ou sofrerá uma tentativa de
estupro até o fim de sua vida, segundo a Anistia Internacional, 2004.
· De acordo com as Delegacias Especializadas no Atendimento à
Mulher, são registrados 15 mil estupros por ano. Desses, 16%
resultam em algum tipo de DST e uma em cada mil mulheres é
infectada pelo HIV.
· 1 bilhão de mulheres, ou uma em cada três do planeta já foi
espancada, forçada a ter relações sexuais ou submetidas a algum
outro tipo de abuso. 20% das mulheres são alvo de estupro, de acordo
com a Anistia Internacional, 2004.
· A cada ano são diretamente afetadas pela violência sexual cerca de
um milhão de crianças. Dessas, estima-se que 100 mil casos estejam
distribuídos entre Brasil, Filipinas e Taiwan. A informação é do Unicef,
2000.
· De acordo com a Organização Mundial de Saúde, até 69% das
mulheres relatam terem sido agredidas fisicamente e até 47%
declaram que sua primeira relação sexual foi forçada.
· De 85 a 115 milhões de meninas e mulheres são submetidas a alguma
forma de mutilação genital por ano, segundo a ONU, 1999.
· De acordo com o Fundo para o Desenvolvimento das Nações Unidas
para a Mulher (Unifem), o estupro marital é reconhecido
especificamente como crime em apenas 51 países e apenas 16 têm
legislação específica para agressão sexual.
· As mulheres latinas, particularmente as brasileiras e argentinas, são as
mais expostas a crimes sexuais no mundo. A América Latina registra
os mais altos índices de crimes sexuais. Cerca de 70% dos casos de
violência sexual são estupros, tentativas de estupro e outras
agressões sexuais.
· A Organização Mundial da Saúde constatou que, no Brasil, 10% das
mulheres na área urbana e 14% na área rural já foram forçadas
fisicamente a ter relações sexuais quando não queriam ou forçadas a
práticas sexuais degradantes ou humilhantes por medo do que o
parceiro pudesse fazer.

Fonte:Center for Women's Global Leadership · Rutgers,
desenvolvido pela Universidade de Nova Jersey

E mesmo assim comemoramos o dia do homem.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

A luta falhou

No início deste ano houve a criação, em Genebra, de uma comissão internacional sobre políticas de drogas sustentada pela credibilidade de ex-presidentes, ganhadores do Prêmio Nobel, e especialistas de diversas areas das ciências humanas.

Um dos principais motivos para a criação dessa comissão é o vasto campo de atuação de traficantes de grande porte, como os traficantes internacionais, e de traficantes de pequeno porte, caracterizados principalmente por pessoas que vendem para poder consumir mais. Essa atuação, atualmente, representa um risco em potencial a várias democracias.

Nos ultimos 40 anos não houve significativa diminuição do uso e do comércio de entorpecentes, revelando um sistema de políticas anti-drogas (como educação de crianças e jovem acerca dos maleficios das drogas, políticas de coerção contra comércio e uso etc) ineficiente. A exemplo do exposto, nos EUA da década de 1970 pelo menos 50% dos estudantes do ensino médio disseram que já haviam experimentado algum tipo de droga ilegal. Na década de 2000 houve uma nova avaliação e o resultado foi que "48% dos estudantes de ensino médio disseram já ter usado algum tipo de droga ilicita".

Ancorados nas estatísticas pessimistas, alguns especialistas defendem a descriminalização ou mesmo a legalização da maconha, outros defendem o abrandamento da pena para traficantes de pequeno porte, o que tem sido recebido com hostilidade para a maioria dos envolvidos na comissão.

O que se tira de mais importante é o reconhecimento do problema e a busca por alternativas que visam oferecer caminhos novos para um debate que se mostrou ineficaz até hoje e sem consenso algum por parte dos integrantes e por parte da sociedade.

Fonte:
Clipping Eletrônico Associação dos Advogados de São Paulo (AASP)
Documentário "A História da maconha" - The History Channel

domingo, 3 de julho de 2011

“JEITINHO BRASILEIRO”: CULTURA IMPREGNADA DE PRECONCEITO OU PRECONCEITO IMPREGNADO DE CULTURA?

O propagado “jeitinho brasileiro” é visto como característica positiva do nosso povo, mas não deveria ser.

De fato, o sentido é positivo quando entendido de forma a ressaltar a flexibilidade, de escolher alternativas mais criativas para superar um obstáculo, mas quando o “elogio” generaliza-se vai de encontro, por inúmeras vezes, aos princípios que fundamentam uma sociedade democrática.

As regras são feitas para regular a vida em sociedade, tornando possível o exercício de direitos e deveres, a fim de que todos tenham tratamento equânime e possam atingir seus objetivos, coibindo atos que desestruturem a vida em sociedade.

O “jeitinho brasileiro” disseminou-se de tal forma que exterioriza o individualismo, a confusão entre o público e o privado, a falta de ética e o desrespeito às regras imprescindíveis ao exercício de uma cidadania plena. Ao contornar, “com esperteza”, os trâmites que o impedem de atingir seu objetivo imediatamente, o brasileiro espalha na sociedade a falsa idéia de que esta flexibilidade é uma alternativa perfeitamente aceitável para “pular etapas” de um sistema lento e extremamente burocrático.

O indivíduo e a sociedade perdem muito com esta atitude. De um lado, reproduzimos o preconceito de que nossas instituições são morosas, ineficientes e privilegiam somente “os espertos”; de outro, criamos o estigma de que o indivíduo, e em extensão, a sociedade brasileira é uma “torre de Babel”, em que não há respeito a direitos, nem a um processo transparente e comprometido com valores que enobrecem um povo.

Daí inúmeros males sociais ganham força e espaço: o nepotismo, a corrupção, o fisiologismo, a degradação de serviços públicos, a compra de serviços públicos essenciais (saúde, segurança,...), a falta de mérito e competência verificados em vários setores da sociedade e a presença de “autoridades” incapazes de cumprir com hombridade seu papel; isto porque há outro sistema de seleção, não o fundamentado na meritocracia, mas sim em um subproduto do “jeitinho brasileiro”: o “Q.I” (quem indica).

A nossa história tem muito peso para a formação de nossa cultura e também incute muitos preconceitos. Roberto Schwarz expôs um desses aparentes “pilares”, ou o que ele descreveu como “o nexo efetivo da vida ideológica” brasileira, ao tratar do “favor”. Este elemento danoso, que teve na figura do agregado sua caricatura, “Esteve presente por toda parte, combinando-se às mais variadas atividades, mais e menos afins dele, como administração, política, indústria, comércio, vida urbana, Corte, etc. Mesmo profissões liberais, como a medicina, ou qualificações operárias, como a tipografia, que, na acepção européia, não deviam nada a ninguém, entre nós eram governadas por ele. E assim como o profissional dependia do favor para o exercício de sua profissão, o pequeno proprietário depende dele para a segurança de sua propriedade, e o funcionário para o seu posto.” (p. 16, Roberto Schwarz, Ao vencedor as batatas, Editora 34, 2000)

Precisamos ser autênticos, mas não a este custo. Precisamos valorizar nossa história e cultura, contrapondo a cada estigma negativo que nos é atribuído, uma qualidade positiva. Somente com retidão, transparência e educação, nós, brasileiros obstinados “que não desistimos nunca”, poderemos edificar nossa sociedade em bases sólidas. Que o jeitinho brasileiro só esteja presente na garra e criatividade para construção desses valores.