segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cultura, identidade e preconceito no Brasil


A formação social brasileira decorre de um processo histórico cultural recente, e tem na diversidade cultural seu ponto mais característico. A construção da identidade nacional brasileira sempre foi marcada pelo encontro (ou confronto) de elementos diversos: teve em sua fundação povos idiossincráticos - o colonizador europeu, o povo indígena nativo e o escravo africano. Esta base humana trocou saberes que erigiram história, território, língua e folclore peculiares.

A compreensão deste processo de formação de identidade cultural do nosso povo passa, necessariamente, pelo conhecimento do contexto geográfico, histórico, social e político de fundação do próprio Estado brasileiro.

A pluralidade que caracteriza a cultura brasileira, num primeiro momento, parece incompatível com o fortalecimento de um vínculo identitário, somos um país com diversidade étnica e cultural, que desde a origem se viu em contato com várias formas de discriminação.

Entretanto, a discussão acerca deste processo de sedimentação da identidade uma e homogênea, hoje, nos parece fora de foco. A sociedade pós-moderna, globalizada, dinâmica e com fronteiras flexíveis tem nos confrontado com o que Stuart Hall definiu como “crise de identidade”. Para este autor a “identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente.”(p. 13 – A identidade cultural na pós-modernidade, 2006).

Ante a variedade de identidades que coexistem é difícil pensarmos a continuidade do processo discriminatório, em especial na sociedade brasileira. O preconceito é inconcebível em qualquer tempo e lugar, mais ainda em uma sociedade plural e miscigenada como a brasileira. Qualquer forma de preconceito nasce da arrogância em pensar o indivíduo, e, em sua extensão, a sociedade como construções únicas. Somos díspares e multifacetados, e por isto devemos disseminar mais tolerância e menos arbitrariedade.

“Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina que produz abundância tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.” (Discurso de “O grande ditador”, de Charles Chaplin)

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