terça-feira, 28 de junho de 2011

pós-modernidade do Patriarcado

"Os movimentos feministas denunciaram as relações hierárquicas entre os sexos, almejando colocá-las em um plano simétrico. Acreditamos que elas foram mais longe ao possibilitar que homens e mulheres saíssem do campo do singular para o domínio da pluralidade, do respeito às idiossincrasias. Preferimos o uso da expressão “mal-estar da pós-modernidade masculina” à crise de identidade masculina, por considerá-lo mais democrático. Assim cada homem, segundo seu próprio desejo e implicações psíquicas, possa descobrir a melhor forma de interagir consigo mesmo e com o mundo. Em outras palavras, o contexto pós-moderno possibilita que certos homens reflitam e modifiquem suas condutas sexuais caso desejem, bem como os autoriza a permanecerem representando o mundo através de uma ótica machista se assim o ambicionarem."

"sobre a crise da masculinidade, sugerimos, baseados em BOURDIEU (1999), que o homem, de maneira geral, tornou-se vítima do seu próprio afã de dominação sobre o gênero feminino. Se a cosmologia falocêntrica subjugou as mulheres, colocando-as em posições isubalternas, também produziu determinados tabus e mitos para a sexualidade masculina. Destacamos que a identidade masculina, na acepção deste sociólogo, é apreendida de forma relativa, sempre em oposição à feminilidade e aspirando a uma supremacia frente a outros homens. Além disso, a insígnia varonil é definida negativamente, ou seja, por aquilo que ele não é ou ao menos não deveria ser. Em outras palavras, o homem descobria primeiro as interdições do campo feminino para posteriormente descobrir o que a sociedade lhe reserva para alcançar os patamares da masculinidade."

"Desse modo, sinalizamos que os padrões culturais e as necessidades econômicas das diversas gerações erigem suas próprias exigências de comportamentos para homens e mulheres. Nessa direção, cabe referência à LANE (1996,p.16) quando considera a identidade como fruto da interação do indivíduo com os outros seres sociais e que a criança assume para si um mundo no qual os outros já vivem. Assim, acreditando que historicamente cada sociedade engendra critérios a serem cumpridos pelos homens para serem enquadrados dentro do campo da virilidade, BADINTER (1993), por exemplo, enumera três momentos decisivos na vida dos meninos na estruturação de suas identidades heterossexuais: a separação da mãe, a distinção entre seus corpos e o feminino, a prova de que não são gays. Pedro Nolasco (1995) acrescenta um outro: a necessidade de o homem desenvolver suas capacidades laborativas."

"a pesquisadora FERREIRA (1999) afirma que foi o movimento feminista que introduziu as discussões sobre a condição feminina no seio dos partidos políticos e das organizações sindicais maranhenses. Esta inserção das mulheres em lutas por uma melhor situação trabalhista ajudou a politizar seus próprios movimentos, que, até então, tinham um caráter desvinculado de qualquer engajamento partidário. Além disso, sinaliza que a década de 1980 foi o período de eclosão das conquistas feministas no Maranhão, graças à disseminação de políticas públicas que priorizaram a assistência governamental ao sexo feminino."

O Artigo abre a duvidas para o debate:
"como esses homens assimilaram as conquistas feministas? Foram obrigados a reavaliar suas posturas másculas? Ou continua a relacionar-se com suas parceiras seguindo uma ótica machista? Está mais livre para falar de seus sentimentos? Ainda acredita que é dever masculino o sustento da família? A independência financeira e a exigência sexual de sua parceira são vistas de maneira ansiogênica?"

Alem disto
"Considerando-se o contexto do grupo de homens investigados, um primeiro ponto a ser levantado é que não se pode falar em identidade masculina, mas em identidades masculinas, pois a expressividade de opiniões, algumas antagônicas, não permite a uniformização desta categoria."

"Vimos que os contextos socioculturais definem os próprios papéis masculinos e femininos segundo suas convivências e de forma a manter seu equilíbrio e funcionalidade interna, contudo a dinamicidade das relações de gêneros gerou e gerará, ela própria, transformações na concepção de masculinidade e feminilidade."

"Assim, alguns homens viveriam um “mal-estar pós-moderno”, pois estariam assustados com a possibilidade de reagir às demandas do ambiente, conforme suas subjetividades e as exigências de suas realidades psíquicas, algo para que não foram educados. Empregando-se o termo crise de forma abrangente, caímos em generalizações sempre nefastas para o ego, principalmente o masculino, devido a sua suscetibilidade a normatizações sociais. Pensar-se-ia novamente em homogeneizações, uniformizações de cânones viris. Passar-se-ia da assimetria sexual imposta pelo patriarcado para a obrigatoriedade de uma sensibilidade do ser masculino. O homem, por não internalizar rapidamente esta mudança de padrões, estaria em crise."

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